Para Steven Murphy, “é preciso tomar cuidado com a miopia como negócio”.
Christie’s divulgou faturamento recorde de US$ 6,3 bilhões em 2012.
 

Obra de Pablo Picasso, uma das 50 da coleção do
cineasta Henri-Georges Clouzot, que foi leiloada
pela Christie’s (Foto: Reprodução/Christie’s)

                          Quando o público para e presta atenção ao mercado da arte, é geralmente porque algum colecionador anônimo pagou uma quantia astronômica por alguma pintura ou escultura célebre.

Foi assim em 2012 com a venda de “O grito”, de Edvard Munch, por US$ 120 milhões; de uma obra abstrata de Mark Rothko por US$ 87 milhões, ou dos US$ 48 milhões pagos num desenho de Rafael — isso num ano em que a prioridade para a maioria das pessoas foi simplesmente pagar as contas.

Mas Steven Murphy, primeiro norte-americano a chefiar a casa de leilões Christie’s desde a sua criação, em 1766, está convencido de que o sucesso em anos menos excepcionais não pode depender apenas dos “1%” mais ricos.

Com carreira nos campos editorial e fonográfico, Murphy, de 58 anos, causou surpresa ao ser nomeado dois anos atrás para o cargo na maior casa de leilões do mundo. Sua meta agora é tirar o ranço elitista do mundo da arte. “É sexy, é legal, e é notícia conversar sobre a obra mais importante de uma só venda em uma só noite, mas é preciso tomar cuidado com a miopia como negócio, ao focar só nessa atividade tão importante”, disse Murphy à Reuters.

“20% dos nossos compradores no último ano eram novos na Christie’s, nunca compraram aqui antes”, afirmou ele em entrevista na sede da empresa, no centro de Londres, sentado diante de um pequeno Picasso que será vendido no mês que vem.


Com US$ 119,9 milhões, a obra ‘O grito’, de Edvard Munch (1863-1944), tornou-se em abril de 2012 a pintura mais cara da história a ser vendida em um leilão (Foto: Carl Court/AFP).

A Christie’s divulgou ter tido um faturamento recorde de 3,9 bilhões de libras (US$ 6,3 bilhões) em 2012, aumento de 10% em relação ao ano anterior. Em 2009, quando o mercado da arte sofreu uma forte contração devido à crise financeira global, o faturamento foi de apenas 2,1 bilhões de libras.

Em 2012, houve uma forte retração nos leilões de arte asiática da firma, por causa da concorrência de leiloeiros chineses e do fim de uma bolha especulativa nesse mercado. Mas a contração foi compensada pelas vendas a particulares, que cresceram 26% e atingiram 631 milhões de libras. Ele disse que essa tendência deve ser mantida no futuro, o que significará um menor movimento na sala de leilões de Christie’s, onde ainda se concentra a principal atividade da empresa.

                         
Via | Christie’s

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